26 de fev. de 2012

Um dia muito especial

Neste filme de Ettore Scola, o dia 8 de maio de 1938 em Roma é "um dia muito especial": enquanto ocorre o desfile oferecido por ocasião da visita de Adolf Hitler a Benedito Mussolini, é mostrado ao espectador um encontro quase sem testemunhas entre a dona de casa Antonietta (Sophia Loren) e o radialista Gabrielle (Marcello Mastroianni). Os dois personagens compartilham ideias, dramas e esperanças, mas no que esse encontro muda suas vidas ao fim do dia?



Cenas marcantes:

Antonietta e Gabrielle dançam ao som de uma rumba, até que a vizinha sintoniza em alto volume a rádio que está transmitindo o encontro entre Hitler e Mussolini.

Gabrielle lê uma legenda do álbum de recortes de jornal de Antonietta com fotos de Mussolini: "Inconciliável com a fisiologia e a psicologia feminina, o gênio é só masculino". Ela concorda com a frase, dizendo: "São sempre os homens que enchem os livros de história. Não é?" Ele responde: "Sim, sim. Talvez até demais! É por isso que não há espaço para mais ninguém. Muito menos para as mulheres".

Gabrielle diz: "Eu não creio que o inquilino do sexto andar seja anti-fascista. Diria antes, que o fascismo é anti-inquilino do sexto andar".

A sequência em que Antonietta caminha pelo apartamento de costas para o espectador.



A primeira vez em que vi Um dia muito especial:

Foi no Cine Belas Artes, um pouco antes de seu fechamento, sozinho, e ao final do filme lembrei do final do conto "Amor", de Clarice Lispector: "Antes de se deitar, como se apagasse uma vela, soprou a pequena flama do dia", bem como pensei que, ainda hoje, ainda é possível encontrar histórias de vida que se assemelhem às dos personagens Antonietta e Gabrielle.







UM DIA MUITO ESPECIAL [Una Giornata Particulare]. Direção: Ettore Scola. Produção: Carlo Ponti. Itália-Canadá: Canafox Films, 1977, DVD.