29 de abr. de 2012

A vida durante a guerra

Todd Solondz retoma neste filme - onze anos depois, com um novo elenco - quase todos os personagens de Felicidade: Joy (Shirley Herdenson) Trish (Allison Janney), Timmy (Dylan Riley Snyder), Bill (Charán Hinds), Allen (Michael Kenneth Williams), Andy (Paul Reubens), Billy (Chris Marquette), Chloe (Emma Hinz),  Helen (Ally Sheedy) e Mona (Renée Taylor); personagens novos também aparecem: Harvey (Michael Lerner), Jacqueline (Charlotte Rampling) e Mark (Rich Pecci). Ao longo da história, o lema de "perdoar e esquecer" é discutido pelos personagens, cujas vidas continuam marcadas pelos acontecimentos do passado, estejam eles cientes ou não disso.




Cenas marcantes:

À mesa em um restaurante com Allen, Joy diz ter tido um déjà vu. Eles conversam e uma garçonete chega para os atender.

Andy aparece para Joy e eles têm um longo diálogo sobre o passado.

Timmy chega em casa chorando e confronta sua mãe, Trish, a respeito de seu pai, Bill.

Bill bebe com Jacqueline. Ele diz a ela: "As pessoas não podem evitar, se são monstros". Ela completa: "Não podem ser perdoadas, também".

Os colegas de faculdade de Billy falam sobre seus pais problemáticos.



A primeira vez em que vi A vida durante a guerra:

Em 2011, ao encontrar por acaso o DVD de A vida durante a guerra em uma livraria, percebi que se tratava de uma continuação de Felicidade, mesmo que isso não estivesse expresso na sinopse do filme. Não gostei dele quando o assisti pela primeira vez, havia considerado desnecessária essa retomada. Depois, revendo-o em outros momentos, percebi que se trata de um filme muito bem construído e que ele pode ser apreciado tanto individualmente como ao lado de Felicidade.






A VIDA DURANTE A GUERRA [Life during wartime]. Direção: Todd Solondz. Produção: Christine Kunewa Walker, Derrick Tseng. Estados Unidos: Were Work Works, 2009, DVD.

22 de abr. de 2012

Viver a vida

Considerada a primeira obra-prima de Jean-Luc Godard, Viver a vida é um filme dividido em doze atos que contam a história de Nana (Anna Karina), uma moça de vinte e dois anos que se separa de Paul (André Labarthe) e que, diante de suas dificuldades financeiras, decide prostituir-se. Em seu percurso pela prostituição, Nana é apresentada por sua amiga Yvette (G. Schlumberger) a Raoul (Saddy Rebbot), que se torna seu cafetão, além de ter conversas com Luigi (E. Schlumberger), um velho filósofo (Brice Parain) e um jovem rapaz (Peter Kassowitz). Em francês, a expressão “viver a vida” funciona como gíria para descrever prostituição; a partir dessa expressão, Godard traz em seu filme reflexões filosóficas sobre o ato de viver. 



Cenas marcantes:

Nana e Paul terminam sua relação em um bar, de costas para o espectador.

Assistindo a Joana D'Arc, Nana chora.

Nana diz a Yvette: "Acho que somos sempre responsáveis por nossas ações. Somos livres. Eu levanto minha mão, eu sou responsável. Eu viro minha cabeça, eu sou responsável. Eu estou infeliz, eu sou responsável. Eu fumo um cigarro, eu sou responsável. Eu fecho meus olhos, eu sou responsável. Esqueço que sou responsável, mas eu sou".

Em um momento de descontração, Nana dança e sorri, observada por Raoul, Luigi e o jovem rapaz.

O velho filósofo conta a Nana uma passagem do livro Os Três Mosqueteiros, o que os leva a uma longa conversa filosófica sobre a linguagem e o amor.



A primeira vez em que vi Viver a vida:

Comprei o DVD de Viver a vida em 2011, pois estava sentindo necessidade de conhecer mais os filmes de Godard. Ao assistí-lo, fiquei muito desperto e atento (geralmente, filmes em preto e branco me dão sono e acabo cochilando no meio deles), achei que a história de Nana foi contada de uma maneira bastante elegante e inteligente, me identifiquei um pouco com a personagem e foi impossível para mim não fumar muitos cigarros enquanto via Nana e seus interlocutores conversando e fumando.







VIVER A VIDA [Vivre sa vie: film en douze tableaux]. Direção: Jean-Luc Godard. Produção: Pierre Braunberger. França: Pléiade, Pathé, 1962, DVD.

15 de abr. de 2012

Pepi, Luci, Bom

Em seu primeiro longa-metragem, Pedro Almodóvar conta a história de três amigas muito diferentes umas das outras: Pepi (Carmen Maura), que é sustentada pelos pais, tem sua virgindade tirada à força por um policial (Félix Rotaeta); Luci (Eva Siva), uma mulher de quarenta anos com desejos masoquistas, é casada com o policial que violentou Pepi; Bom (Olvido Gara), uma jovem lésbica, é a líder da banda punk Bomytoni. Quando Pepi, querendo vingar-se do policial, apresenta Bom a Luci, esta abandona seu marido. As três frequentam as noites underground de Madri, divertem-se e seus laços se estreitam enquanto o policial também busca vingança. Destaque para as participações especiais de Cecilia Roth e do próprio Almodóvar. O roteiro foi adaptado da fotonovela "Erecciones Generales", que Almodóvar pretendia publicar em circuito underground, por incentivo da atriz e amiga Carmen Maura.




Cenas marcantes:

Pepi e Luci tricotam e conversam. Bom chega.

O ganhador do concurso "Grandes Ereções" escolhe seu prêmio.

Pepi diz ao seu pai po telefone: "Vou provar para você que posso viver da imaginação".

Propagandas das calcinhas Ponte.

Pepi diz a Luci e Bom: "Somos pervertidas e modernas. Vamos!".





A primeira vez em que vi Pepi, Luci, Bom:

Foi em 2011, quando encontrei uma gravação do filme exibido na Rede Bandeirantes nos anos 1990. As vinhetas da Copa do Mundo na gravação tornaram o filme ainda mais kitsch aos meus olhos; e, mesmo com as precariedades desse primeiro longa-metragem (ou talvez justamente por elas), Pepi, Luci, Bom ganhou um lugar especial no meu coração.






PEPI, LUCI, BOM [Pepi, Luci, Bom y otras chicas del montón]. Direção: Pedro Almodóvar. Produção: Ester Rambal, Pastora Delgado, Pepón Coromina. Espanha: ?, 1980, DVD.

8 de abr. de 2012

O Homem Elefante

A partir de uma história verídica ocorrida na Londres vitoriana do final do século XIX, este filme em preto e branco de David Lynch narra a história de John Merrick (1862-1890), portador de terríveis tumores e deformidades em quase todo o seu corpo. Apelidado de "Homem Elefante", ele é retirado do circo de aberrações de Bytes (Freddie Jones) pelo dr. Frederick Treves (Anthony Hopkins) e internado em um hospital. Apesar das boas intenções do dr. Treves e do carinho da sra. Kendal (Anne Bancroft), uma famosa atriz de teatro, Merrick não estaria sendo ainda uma atração para a alta sociedade como foi no circo? Que perspectivas esse homem deformado e doente pode ter em uma sociedade que tanto preza pela elegância e que está em plena Revolução Industrial?




Cenas marcantes:

O dr. Treves diz aos seus colegas durante uma cirurgia: "Máquinas são coisas abomináveis. Não se pode argumentar com elas".

Close no dr. Treves, que chora ao ver John Merrick pela primeira vez.

John Merrick é exposto à comunidade médica pelo dr. Treves.

O dr. Treves tenta fazer John Merrick falar.

A sra. Kendal vai ao hospital conhecer John Merrick e diz a ele: "Ah, sr. Merrick, o senhor não é um Homem Elefante. O senhor é Romeu".



A primeira vez em que vi O Homem Elefante:

Comprei o DVD de O Homem Elefante em 2006, em uma banca de jornais na Avenida Paulista, pois já havia assistido a Cidade dos sonhos de David Lynch e queria conhecer mais filmes dele. Entretanto, filmes em preto e branco geralmente me dão sono, e até hoje nunca havia conseguido assistir a este por inteiro. Ao contrário de outros filmes de Lynch que vi, O Homem Elefante me provocou mais emoções, mais comoção pelo protagonista,  do que raciocínios intelectuais ou estranheza.







O HOMEM ELEFANTE [The Elephant Man]. Direção: David Lynch. Produção: Jonathan Sanger. Estados Unidos: Brooksfilms Production, 1980, DVD.

1 de abr. de 2012

Bruno

Bruno é um garoto prodígio de 8 anos, cujos hábitos de ler dicionários por diversão e de usar vestidos escandaliza e causa as piores reações de seus colegas de classe e das freiras na escola católica em que estuda, principalmente da Madre Superiora (Kathy Bates). Ele está dedicado a participar do Concurso Católico Anual de Soletrar e ainda lida com o divórcio de seus pais: a costureira Angela (Stacy Halprin), que sofre preconceito por estar muito acima do peso e que não consegue aceitar o fim do casamento, e o policial Dino (Gary Sinise), que se afasta cada vez mais da ex-mulher e do filho por não aceitá-los como eles são. Uma nova aluna, Shawniqua (Kiami Davael), a única garota negra da escola,  expressa-se livremente, também desafiando as percepções limitadas das freiras e dos colegas; Bruno e ela se tornam amigos. E Helen (Shirley MacLaine), mãe de Dino, é uma mulher firme que tomará uma posição a respeito de seu neto.




Cenas marcantes:

"Às vezes, sua roupa traz Deus para perto de você. Mas, às vezes, o que você veste te separa das pessoas", pensa Bruno.

Bruno pergunta a Shawniqua: "Você não acha estranho eu usar vestido?". Ela diz: "Por que não? Eu uso calça". "Mas é diferente", ele comenta, o que a leva a falar: "Não é, não. Somos espíritos livres tentando nos expressar".

No concurso de soletrar da escola, Bruno usa sua túnica sagrada, o que causa o riso das outras crianças e horror nas freiras. Shawniqua é a única que o aplaude.

Helen pergunta a Bruno: "Por que você quer ser uma menina?". Ele responde: "Não quero ser uma menina". "E o que você quer ser, então?", ela continua. Ele diz: "Um entomologista".



A primeira vez em que vi Bruno:

Em 2010, na casa de uma amiga, estava passando Bruno na televisão, já pela metade, e minha amiga me disse que era um bom filme; então, achei que seria melhor vê-lo por inteiro quando surgisse uma oportunidade. Pouco tempo depois, encontrei por acaso o DVD em promoção, perdido entre outros DVD's duvidosos. Assistindo ao filme, pensei em uma outra amiga minha (que é filha, justamente, da amiga que me indicou o filme), que conheci na escola em meu último ano de Ensino Médio; fiquei imaginando que, se tivéssemos nos conhecido ainda crianças, nossa amizade seria bem parecida com a de Bruno e Shawniqua.







BRUNO [Bruno/The dress code]. Direção: Shirley MacLaine. Produção: David Kirkpatrick. Estados Unidos: J&M Entertainment/Original Voices Inc, 2000, DVD.